Agência UFC

Engenharia

UFC cria molho agridoce que atua como suprimento de nutrientes necessários ao bom funcionamento do organismo

Desenvolvido à base de frutas e hortaliças, o produto acaba de garantir carta patente e já conta com empresa interessada em seu licenciamento

A presença de frutas, hortaliças e legumes nas refeições constitui parte fundamental para a manutenção de uma dieta saudável, por serem alimentos que favorecem o suprimento de micronutrientes, fibras, proteínas e outros componentes com propriedades funcionais.

Para tentar mitigar as consequências dessa questão, unindo a alta funcionalidade dos alimentos considerados saudáveis à praticidade dos chamados alimentos de conveniência (prontos para uso), a mais nova patente da Universidade Federal do Ceará trata de um molho de sabor agridoce feito à base de frutas e hortaliças não convencionais.

A ideia é que, mesmo com a utilização de um produto como um molho, algo mais conveniente e rápido, costumeiramente usado como acompanhamento para outros alimentos, haja um maior acréscimo de nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo.

O invento foi originado no Departamento de Engenharia de Alimentos (DEAL), do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UFC e já conta com uma empresa do setor interessada no licenciamento do produto, segundo adianta a Profª Maria do Carmo Passos Rodrigues, que assina a carta patente como uma das inventoras. Essa é a 5ª patente nascida no DEAL e a 14ª do CCA. O invento foi elaborado em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

“Levando em consideração os principais insumos para a produção do molho (ingredientes e embalagem) e comparando com o ketchup tradicional, que possui uma certa notoriedade na categoria de molho agridoce, é possível o produto chegar ao consumidor com um preço acessível”, acredita a professora.

Imagens de espinafre indiano: pequena folha verde, em formato de coração (Foto: Sengai Podhuvan Wikipedia Commons)
Espinafre indiano, também conhecido com Bertalha, um dos vegetais utilizados no molho (Foto: Sengai Podhuvan Wikipedia Commons)

Dados de pesquisas publicadas em 2019 apontam, por exemplo, que o baixo consumo de frutas tem como consequência mais de 1,2 bilhão de mortes por acidente vascular cerebral (AVC), no mundo todo, e que o consumo de alimentos como maçã e cenoura todos os dias é capaz de diminuir as chances de morte por AVC.

Além de funcionar como alternativa para inclusão na alimentação dos nutrientes presentes em frutas e hortaliças, o molho desenvolvido na UFC traz outras vantagens. “Na formulação do molho, não é adicionado sal (cloreto de sódio) nem conservante. A ausência do sal colabora para a redução de sódio no produto. Já a não adição de conservante segue a tendência dos alimentos clean label, na qual um dos propósitos é a formulação de alimentos com menos ingredientes, dando preferência aos naturais”, acrescenta a Profª Tatiana de Oliveira Lemos, também uma das inventoras. Ela é docente da UFMA, mas desenvolveu a pesquisa que resultou no invento durante pós-doutorado na UFC.

PRODUÇÃO

Patente de nº 26 da UFC, a invenção foca na utilização da polpa de frutas junto às chamadas hortaliças não convencionais, classificadas assim por terem distribuição limitada, restrita a determinadas localidades ou regiões. Diferentemente de hortaliças convencionais (como batata, tomate, repolho etc), as não convencionais não estão organizadas em cadeia produtiva comercial e, por isso, são desconhecidas e ignoradas pela maior parte da população.

São exemplos de hortaliças não convencionais que podem ser usadas na produção dos molhos as espécies conhecidas como caruru-azedo (Hibiscus sabdariffa), quiabo-roxo, beldroegão, ora-pro-nóbis, taioba e espinafre-indiano. Entre as frutas, as opções de polpa são diversas: açaí, abiu, amora, carambola, cupuaçu, graviola, maçã, mamão, maracujá, pêssego, sapoti etc.

Segundo a Profa. Maria do Carmo, podem ser usadas frutas que atendam ao padrão de identidade e qualidade previsto em regulamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e hortaliças não convencionais caracterizadas também pelo MAPA. 

O processo de produção do molho começa com o descongelamento da polpa de fruta, feito à temperatura de refrigeração. A polpa é então homogeneizada com os outros ingredientes: além da hortaliça, também água, vinagre, mix de temperos, gengibre, alho e cebola em pó.

O molho passa ainda por um processo de ajuste do teor de sólidos solúveis totais (que representa o conteúdo de açúcares do produto), refino com peneira e adição de hidrocolóides, antes de ser aquecido e armazenado.

“A transformação da polpa de fruta em molho pode ser uma alternativa de processamento, no sentido de verticalizar a cadeia produtiva de frutas, de modo a disponibilizar o produto nos longos períodos de entressafra, sem assim onerar os custos de produção com uso de refrigeração. Além disso, na produção do molho há o aproveitamento das partes convencionais e não convencionais das hortaliças, minimizando o desperdício e diversificando o consumo”, destaca a Profª Tatiana Lemos.

PATENTE

Concedida em março deste ano pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), a carta patente foi solicitada em 2016. Desde 2019, essa já é a 26ª patente conquistada pela Universidade Federal do Ceará.

Além das professoras Maria do Carmo e Tatiana Lemos, também assinam o invento: pela UFC, a Profª Ana Maria Souza de Araújo, do Centro de Ciências; o Prof. Vanderson da Silva Costa, do DEAL; e a pós-doutoranda do Departamento de Física, Anida Maria Moraes Gomes; e pela UFMA, as pesquisadoras Ana Lucia Fernandes Pereira, Virgínia Kelly Gonçalves Abreu e Germania de Sousa Almeida Bezerra. 

Fonte: Profª Maria do Carmo Passos Rodrigues, do Departamento de Engenharia de Alimentos da UFC – e-mail: carminha@ufc.br

USE NOSSAS MATÉRIAS

A reprodução dos textos da Agência UFC é permitida, com atribuição. Caso o texto seja reproduzido na íntegra, ele deve ser assinado com o nome do repórter seguido do identificador “da Agência UFC”. Caso o texto passe por cortes ou ajustes no processo de edição, deve-se publicar apenas “da Agência UFC”, ou forma semelhante, de acordo com os padrões adotados pelo veículo.

Saiba mais sobre como usar as matérias da Agência UFC.

Kevin Alencar 23 de março de 2022

Assuntos relacionados

Imagem mostra duas peças de pré-moldados feitas a partir do novo cimento: a primeira, do lado esquerdo, é preta, tem formato retangular com dois círculos vazados. a segunda, cinza, também tem formato retangular, mas com dois quadrados vazados na parte central. A segunda peça parece menos densa que a primeira. A frente delas, pedois pequenos quadrados e uma barra feita com os novos materiais (Foto: Divulgação) Pesquisadores da UFC desenvolvem novo tipo de cimento, mais sustentável, a partir de resíduos de siderúrgica

A invenção é a 44ª carta patente da Universidade. O novo produto pode ser uma alternativa mais ecológica ao uso do cimento Portland, padrão do mercado

Imagem de uma câmera de videomonitoramento a céu aberto Pesquisadores desenvolvem sistema de videomonitoramento aperfeiçoado para detectar violência usando inteligência artificial; UFC integra equipe internacional

Ao monitorar ambientes em tempo real, sistema detecta os elementos e condições duvidosas e envia um alerta, por computador ou celular, para adiantar abordagens de segurança

Grupo da UFC participa do desenvolvimento de motor mais eficiente e menos poluente

Pesquisadores estão aplicando a tecnologia HCCI em motores à etanol. O projeto terá duração de três anos e os primeiros resultados são promissores