Um novo composto feito com materiais cerâmicos e com propriedades que isolam a formação de correntes elétricas acaba de garantir à Universidade Federal do Ceará sua 42ª carta-patente, concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). Desenvolvido no Departamento de Física do Centro de Ciências, o invento tem potencial para aplicação em dispositivos eletrônicos, como radares, antenas e sensores.
O compósito – termo usado para referir-se a materiais formados pela união de outros materiais com o objetivo de se obter um produto de maior qualidade – é feito de uma estrutura cerâmica por conta de sua estabilidade térmica, isto é, as propriedades isolantes, chamadas de dielétricas, não se alteram de forma significativa com a variação de temperatura. Isso garante, apontam os inventores, uma excelente propriedade física para aplicação comercial.
O material foi alcançado pela simples adição em massa do óxido de bismuto (Bi2O3) em porcentagens de 10%, 20%, 30% e 40% ao óxido cerâmico SVO (Sr3V2O8), criando o chamado compósito cerâmico SVON, um composto com projeção para diversas aplicações em circuitos de micro-ondas e em engenharia teleinformática (radares, antenas, sensores e outros).
Segundo o Prof. Antônio Sérgio Bezerra Sombra, do Departamento de Física e um dos criadores do compósito, a invenção partiu da busca de novos materiais com propriedades dielétricas estáveis com a variação de temperatura. Conforme o professor, o compósito traz propriedades únicas, que podem ser muito úteis para dispositivos que necessitem dessas características isolantes em sua concepção.
Os radares seriam, afirma, uma das principais demandas para o invento. “O material foi desenvolvido e caracterizado como se fosse uma antena, e um radar é um grupo de antenas operando em conjunto, assim o material seria uma ou todas as antenas que compõem um radar”, explica Sombra.
Pesquisas sobre esse novo material cerâmico se iniciaram em 2016, através da pesquisa de doutorado do agora doutor Graciliano da Silveira Batista. Graciliano foi responsável por sintetizar o SVO em seus estudos, o qual, posteriormente, passou por análises dielétricas.
Observando características já catalogadas do óxido de bismuto, concluiu-se que ambos os materiais apresentavam propriedades isolantes opostas. “Elas permitiam a formação de um compósito cerâmico que tem uma boa estabilidade térmica das propriedades dielétricas”, elucida o Prof. Antônio Sérgio Sombra.
O grupo de pesquisadores coordenado pelo pesquisador também já vem trabalhando com a utilização de matrizes cerâmicas para outras aplicações semelhantes, como a matriz baseada em cromato de estrôncio e óxido de titânio. Todos as matrizes, aponta o professor, possuem o mesmo potencial de aplicação em dispositivos eletrônicos como antenas e radares.
A aquisição da carta-patente, acredita, pode estimular o avanço e a continuidade das pesquisas. “Incentiva os pesquisadores do laboratório na busca de novos materiais que possam ter potencial de aplicação tecnológica”, defende.
Além do Prof. Antônio Sérgio Sombra e de Graciliano da Silveira Batista, a 42ª patente da UFC possui como inventores Ronaldo Glauber Maia de Oliveira e Marcelo Antônio Santos da Silva.
Fonte: Prof. Antônio Sérgio Bezerra Sombra, do Departamento de Física – e-mail: sergio@fisica.ufc.br
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