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Sociedade e Cultura

Projeto “Fotografia Tátil” promove arte de forma inclusiva

Projeto de extensão da UFC trabalha com fotografias para serem produzidas e sentidas por pessoas sem o sentido da visão

Do Blog Conhecendo a Extensão

As expressões artísticas estão presentes no nosso dia a dia e podem ser consideradas essenciais para a vida. A arte deve transcender gêneros, etnias e, até mesmo, sentidos. Pensando nisso, foi criado, na Universidade Federal do Ceará, um projeto de extensão com o intuito de proporcionar aos deficientes visuais o prazer de admirar uma fotografia.

A fim de garantir o papel social da arte, nasceu, em 2014, o projeto Fotografia Tátil, coordenado pelo professor do Curso de Design, Roberto César Vieira. A iniciativa surgiu na Semana de Acessibilidade, organizada pela Secretaria de Acessibilidade da UFC. Em 2015, foi transformada em extensão com o objetivo de promover a inclusão através da fotografia acessível a pessoas com baixa ou nenhuma visão.

“Diversos esforços têm sido realizados para tornar a fotografia uma ferramenta de inclusão social para pessoas cegas, seja pelo ato de fotografar sem o sentido da visão, seja pela produção de peças para apreciação pelo sentido do tato. Tais medidas visam introduzir a esse público o conceito da fotografia enquanto arte”, relata o coordenador do projeto, Prof. Roberto César.

As atividades do projeto dividem-se em três etapas: a primeira é a produção da fotografia sem que haja o sentido da visão. Durante as oficinas, as pessoas com deficiência visual ou baixa visão recebem auxílio de um mecanismo de descrição de cenários, similar ao utilizado na áudio-descrição de filmes. Com essa descrição, os participantes conseguem produzir as fotografias. Aqueles que não possuem limitações em sua visão são vendados para garantir a total imersão na experiência.

Trabalhos expostos em uma mesa dos encontros universitários (Foto: Viktor Braga/UFC)

Os trabalhos são expostos em eventos como os encontros universitários (Foto: Viktor Braga/UFC)

Com as fotografias em mãos, a segunda etapa consiste no estudo de programação, no processamento das imagens e no desenvolvimento de diferentes algoritmos que formam padrões artísticos. Essas técnicas são essenciais para que aconteça a terceira etapa: a materialização das fotografias. O produto dessa materialização permite que, através do tato, os deficientes visuais possam apreciar e sentir as fotografias. As peças são feitas com tecnologia de fabricação digital, tendo como base os padrões gerados na programação das imagens.

Visando a um completo entendimento do material produzido, são criados também maquetes e outros objetos auxiliares. “Algumas dificuldades surgem devido ao fato de a fotografia, enquanto arte, ter o objetivo de transmitir emoções captando imagens que não necessariamente retratam um objeto em sua plenitude. Busca-se um ângulo diferenciado, um detalhe, um efeito de luz, entre diversas outras composições. No tocante à apreciação das fotografias táteis, faz-se necessário o uso de objetos reais ou maquetes 3D para maior compreensão do que está retratado devido à limitação do plano e da complexidade de algumas imagens”, relata o professor Roberto César.

Para fechar todo esse processo, acontece a exposição dos trabalhos realizados em encontros universitários, bem como em museus e em outros eventos. As imagens expostas vêm acompanhadas de escritos em braile para auxiliar seu entendimento. Essas exposições têm também o papel de avaliar a experiência do projeto a fim de melhorar não só o conteúdo exposto, como também as oficinas e o processo de produção.

Para uma maior abrangência do projeto, o Fotografia Tátil também busca outras formas de trabalhar a materialização de fotografias inclusivas e inserir a sociedade nesse processo. Como exemplo, já foram realizados concursos através da página no Facebook para escolha de fotografias a serem materializadas, além de parcerias com fotógrafos, museus e outros projetos de extensão. É o caso da exposição ‘Infância Refugiada’, da fotógrafa Karine Garcêz, que aconteceu, em 2016, no Museu da Imagem e do Som do Ceará e, em 2017, na Matilha Cultural, em São Paulo. Essa exposição contou com a parceria do Fotografia Tátil para materializar as imagens feitas por Karine.

A fotógrafa afirma que a ação combate o preconceito, gera inclusão e pensamento crítico, além de, claro, estimular a arte. “Eu amo esse projeto. Acho superimportante esse processo de inclusão. Quero poder fazer mais para contribuir no avanço das pesquisas, que resultem em novas técnicas que melhorem a acessibilidade das pessoas cegas a fotografias, imergir nesse universo de olhar pelo tato, pelo sentimento que o toque gera no outro e a construção dessa imagem”, conclui.

SERVIÇO

Para acompanhar as atividades do projeto, basta seguir a página do Facebook. Lá são divulgadas as exposições, inscrições para oficinas e demais ações.

Agência UFC 25 de outubro de 2017

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