O reaproveitamento de alimentos está presente no Instituto da Primeira Infância (IPREDE). O Projeto Realimenta, fruto da parceria entre o IPREDE, o Programa de extensão Gastronomia Social da Universidade Federal do Ceará e o Mercadinhos São Luiz, vem gerando, além de renda, educação alimentar às mães que têm filhos atendidos no Instituto. A ação promove cursos de fabricação de produtos alimentícios sem aditivos químicos a partir do reaproveitamento de alimentos doados pelo supermercado. Doces, geleias e farinha são algumas das várias possibilidades de produção que o projeto oferece.
O projeto foi idealizado pelo médico Sulivan Mota, presidente do IPREDE, que, firmando uma parceria com o Mercadinhos São Luiz, obteve acesso aos registros de alimentos considerados impróprios para comercialização no varejo, mas próprios para consumo. A partir disso, ele idealizou uma forma de evitar o desperdício desses alimentos e iniciou a busca por outras parcerias para a criação de um curso de fabricação de produtos alimentícios. Assim, nascia o projeto de extensão com a proposta de proporcionar educação às mães, e, consequentemente, renda para a família. Além dos parceiros, a ação de extensão conta com o apoio dos cursos de Engenharia de Alimentos e de Gastronomia da UFC.
O primeiro curso foi realizado em 11 encontros, realizados às quartas, quintas e sextas-feiras. As quatro aulas iniciais foram teóricas, abordando assuntos como habilidades na cozinha, higiene e segurança dos alimentos, sendo o restante prática, dentro da cozinha. Na programação do curso, que teve início no segundo semestre de 2019, estão módulos práticos como a produção de alimentos conservados pelo açúcar, como compotas, doces e geleias. No segundo curso serão abordados módulos práticos como a produção de alimentos conservados pela desidratação, como farinhas e chips de vegetais, e alimentos conservados por fermentação, como picles e molhos.
Além do teor técnico de produção de alimentos, também são ministradas aulas de empreendedorismo. Nelas, as mães aprendem, por exemplo, a vender e a precificar os produtos, para que, ao terminar o curso, saiam com o conhecimento de produção e comercialização de alimentos. Para serem vendidos, porém, são feitas análises de produto e logísticas, priorizando a segurança alimentar. Ao final desse treinamento, serão selecionados os melhores produtos, os quais passarão por análise até obterem certificação de garantia de qualidade e segurança, para posteriormente, serem comercializados.
Veja reportagem da UFCTV sobre o Realimenta:
Para Andréa Cardoso, Profª de Engenharia de Alimentos da UFC e coordenadora do projeto, a produção e a comercialização desses produtos têm um significado social muito forte. “O consumidor, ao obter o nosso produto, estará levando para casa uma mercadoria saborosa, de qualidade, e, além disso, estará auxiliando na manutenção do projeto e, consequentemente, na vida dessas mães”, conta a professora. Além disso, para a coordenadora o curso é uma oportunidade de melhoria na vida da família dessas mulheres. “O objetivo central do Realimenta é capacitar esse grupo familiar, aumentar a renda, melhorar a alimentação e, consequentemente, a saúde da criança atendida e sua família”, afirma Andréa.
A possibilidade de ampliar a renda é um dos motivos que levaram Roseane Oliveira a participar do curso. A dona de casa é mãe da Eloá, de 7 anos, atendida no IPREDE desde 2011. Rosane conta que, antes do Realimenta, já participou de outros cursos dentro do Instituto e que, atualmente, trabalha vendendo comida em sua casa, mas não quer parar por aí. “Depois que entrei aqui, muita coisa mudou. Eu não gostava muito de cozinha, mas os cursos foram abrindo minha mente. Cada dia que se passa quero aprender coisas novas”, relata Roseane.
O projeto também é uma oportunidade de aprendizagem para os universitários participantes, como Letícia Felí, estudante do quarto semestre de Gastronomia da UFC e integrante da ação extensionista. Para ela, participar do Realimenta tem lhe agregado uma nova visão da gastronomia. “Eu acho que todo esse processo de contato com elas, as mães, agrega também a mim. Aprendemos a amar e a olhar a gastronomia de uma forma diferente”, conta a estudante.
Sobre a ação, Letícia enfatiza a necessidade de se ver a nutrição como a base da gastronomia e que, longe da visão glamourizada da cozinha, o amor ao processo é crucial na aprendizagem da área. “Não importa se você cozinha o conjunto arroz e feijão ou uma comida francesa dentro da sua casa, a intenção é a mesma: você quer se alimentar, se nutrir. Nós queremos, além da compreensão das pessoas da nutrição como base da gastronomia, o amor ao processo. A cozinha é quente, o processo é demorado, mas o prazer do resultado final é enorme”, finaliza a universitária.
SERVIÇO:
O curso é destinado às mães de crianças atendidas pelo Instituto da Primeira Infância (IPREDE).
Parceiros: Programa Gastronomia Social da UFC (@gastronomiasocialufc), Mercadinho São Luiz, SEBRAE e Secretaria de Proteção Social, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos do Ceará (SPS).
Instituto da Primeira Infância – IPREDE
Rua Professor Carlos Lobo, 15, Cidade dos Funcionários, Fortaleza-CE – (85) 3218 4000 / iprede@iprede.org.br
Ely Eulle Viana, sob supervisão de Narjara Pires
Fonte: Profª Andréa Cardoso de Aquino – e-mail: andreac@gmail.com