Pesquisadoras do Departamento de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Ceará querem estimular o consumo de chá-verde, grande aliado de quem tem buscado perder peso. Além de ajudar a queimar gorduras, por conta da cafeína e da catequina, o chá tem efeito antioxidante e pode ajudar a prevenir uma série de doenças. O sabor forte, porém, desagrada muita gente.
Para reduzir esse problema, as pesquisadoras criaram um novo produto, feito a partir do extrato do chá concentrado, que pode ser diluído em bebidas como leite e suco. O resultado são cápsulas em pó contendo todas as substâncias próprias do chá que lhe garantem as características termogênicas (auxiliares no emagrecimento e nos efeitos das atividades físicas) e apresentando sabor bem mais agradável ao paladar.
Além disso, se consumidas na dosagem sugerida, as cápsulas produzidas possuem eficiência maior no fornecimento das substâncias benéficas do chá para o organismo. A Academia de Nutrição e Dietética dos Estados Unidos sugere o consumo de quatro a seis xícaras de chá-verde por dia. Nos testes feitos durante a pesquisa da UFC, 4,6 gramas das cápsulas para 250 mililitros de suco já se revelaram suficientes para corresponder a esse consumo recomendado.
Outra vantagem encontrada no produto é o aumento da capacidade antioxidante que ele gera no suco ou bebida em que é diluído. São moléculas desse tipo que reduzem o dano de oxidações em células do corpo e previnem o envelhecimento. Elas podem ajudar, inclusive, a evitar o surgimento de cânceres.
PESQUISA
O produto nasceu da pesquisa de mestrado da estudante Mayla Rodrigues. Os compostos benéficos do chá foram extraídos e concentrados para depois ser secados por liofilização (método de secagem a frio que preserva melhor os componentes).
Para garantir a proteção desses compostos e uma maior vida útil do extrato na prateleira, as pesquisadoras utilizaram os chamados materiais de parede na elaboração das microcápsulas do chá. A mistura do extrato com esses materiais passa por um novo processo de secagem (denominado spray drying), sendo submetida a altas temperaturas em um curto intervalo de tempo para se tornar um pó seco.
O método é necessário para que o chá-verde seja encapsulado e mantenha suas funções iniciais preservadas da melhor forma. “Isso é o que protege as propriedades funcionais e bioativas que o chá possui”, explica a Profª Lucicléia Torres, orientadora da pesquisa.
No caso do estudo, os materiais de parede escolhidos foram a goma do cajueiro e a maltodextrina, carboidrato já conhecido da indústria para cumprir esse tipo de papel. “Sem essas substâncias, o processo de secagem, que requer altas temperaturas, acabaria diminuindo as propriedades do chá. A temperatura do spray drying fica em torno de 90 graus centígrados, em um tempo muito curto, mas o produto resiste até os 100 graus centígrados”, garante a professora.
Os próximos passos do trabalho servirão para realizar os testes de vida útil na prateleira, em que o produto será colocado em situações extremas de temperatura e ambiente para ter seu prazo de validade determinado. Além disso, a ideia é tornar a produção mais executável para a indústria, que já sinalizou interesse na comercialização do concentrado de chá.
Para tanto, as pesquisadoras pretendem buscar outros materiais de parede para substituir a goma do cajueiro, que, apesar de eficiente, ainda é pouco difundida na indústria por não estar disponível para venda. “As empresas querem um material seguro que elas possam comprar para desenvolver o produto”, diz a Profª Lucicléia.
A expectativa é que não seja difícil encontrar um substituto, já que há outros materiais com a mesma funcionalidade da goma e com boa capacidade de dissolução em bebidas. Após essa nova etapa do processo, as pesquisadoras esperam ver em breve as cápsulas de chá-verde nas gôndolas dos mercados.
Fonte: Profª Lucicléia Torres, do Departamento de Engenharia de Alimentos – e-mail: lucicleiabarros@hotmail.com