Da descoberta de um planeta fora do sistema solar ao desenvolvimento de técnicas revolucionárias no tratamento de queimaduras, passando por ferramentas que viraram referência nacional no combate ao crime e no desenvolvimento de produtos alimentares: a Universidade Federal do Ceará tem ciência, sim, e de muita qualidade.
Listamos dez entre centenas de pesquisas de alta relevância para dar um gostinho do que é o desenvolvimento científico e tecnológico na Universidade.
1. Big data e inteligência artificial contra o crime
Pesquisadores do Departamento de Computação da UFC desenvolveram ferramentas na área de big data e inteligência artificial que estão sendo usadas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para combater o crime. O pacote permite fazer análise de manchas criminais, visualizar o posicionamento de viaturas em tempo real, acionar câmeras, identificar a impressão digital e ajudar a fazer a gestão de policiamento.
Com isso, o trabalho da polícia se torna muito mais eficaz, tanto na prevenção da violência como na solução dos problemas. Segundo o próprio ministério, nas cidades em que essas ferramentas estão sendo utilizadas, o índice de homicídio caiu 44% em três meses.
2. Pele da tilápia
Você certamente já deve ter ouvido falar do uso da pele de tilápia no tratamento de queimaduras, técnica desenvolvida no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), da UFC, em parceria com o Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ). A inovação mostrou-se muito mais eficaz do que o tratamento convencional para queimados e, com isso, ganhou prêmios e reconhecimento internacional. Também extrapolou o mundo acadêmico, aparecendo até em séries de TV, como The Good Doctor e Grey’s Anatomy.
Pois as propriedades da pele da tilápia não param de surpreender. Ela passou a ser utilizada em cirurgias de reconstrução vaginal (realizadas pela Maternidade Escola Assis Chateaubriand) e em úlceras provocadas por varizes (como faz o Hospital Universitário Walter Cantídio), que são de difícil tratamento. E ainda há muito mais potencial da tilápia a ser explorado. Atualmente, os pesquisadores do NPDM estudam outras 18 aplicações diferentes, ou seja, a pesquisa cearense está apenas começando.
3. Mapeando exoplanetas
Tem participação cearense na descoberta de um novo planeta no universo – na verdade, um exoplaneta, planeta fora de nosso sistema solar. O IC 4651 9122B está a 2.900 anos-luz da Terra, em um aglomerado de estrelas na constelação de Altar. O corpo celeste, até então desconhecido, foi mapeado por uma equipe de cientistas de diferentes países, dentre eles o professor e astrofísico Daniel Brito de Freitas, do Departamento de Física da UFC.
O IC 4651 9122B tem características similares às de Júpiter, mas é ainda maior: 6,3 vezes para ser mais preciso. O tamanho do exoplaneta associado à sua posição no sistema estelar favorecem a existência de um planeta rochoso similar à Terra orbitando em torno de uma estrela. Bacana, não?
4. Natchup
Talvez você já tenha visto em alguns grandes supermercados de Fortaleza um molho temperado diferente, o Natchup. Ele é um ketchup à base de acerola, abóbora e beterraba, com alta concentração de compostos antioxidantes, como vitamina C, carotenoides, antocianinas e flavonoides, e sem conservantes.
Pois o Natchup foi desenvolvido nos laboratórios do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFC, em parceria com a iniciativa privada. O produto ganhou selo Innovation e foi um dos destaques da maior feira de alimentos do mundo, o Salão Internacional de Alimentação (SIAL), em 2018. Sabe como surgiu a ideia? A partir de um trabalho de graduação de um grupo de alunos que queria criar um produto saudável e funcional. Serve de inspiração, né?
5. Novo tratamento contra hanseníase
Pesquisadores da UFC desenvolveram um curativo (chamado de biomembrana) a partir de proteínas vegetais que consegue reverter feridas profundas causadas pela hanseníase. Essas feridas são um enorme problema para quem tem a doença. Em um dos casos tratados, um paciente lutava contra a ferida há 15 anos e não conseguiu reverter o problema, até que usou a biomembrana.
Há medicamentos no mercado que promovem a cicatrização, mas o custo é muito alto, principalmente para pacientes com poucos recursos. Já a biomembrana, além de eficiente, pode ser desenvolvida a baixo custo. O trabalho – uma parceria de grupos de pesquisadores da pós-graduações em Bioquímica e Farmacologia, com desenvolvimento no NPDM – é uma prova que a ciência tem forte impacto social.
6. Violência contra a mulher
Qual a dimensão e o impacto da violência doméstica no Brasil? Perguntas como essas foram destrinchadas na Pesquisa de Condições Socioeconômicas e de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (PCSVDF Mulher), a maior investigação sobre o assunto já realizada na América Latina, com mais de 10 mil entrevistas. A pesquisa é coordenada pelo Prof. José Raimundo Carvalho, do Programa de Pós-Graduação em Economia (CAEN), em parceria com o Instituto Maria da Penha.
PCSVDF Mulher calculou inclusive o impacto financeiro da violência contra a mulher (prejuízo de R$ 957 milhões por ano), além de ajudar a entender o ciclo de perpetuação da violência. Nada menos que 4 em cada 10 mulheres que cresceram em um lar violento disseram sofrer o mesmo tipo de violência na vida adulta, ou seja, há uma repetição de padrão em seu próprio lar. É a transmissão intergeracional de violência doméstica (TIVD), mecanismo de perpetuação do problema.
7. Noni contra doença celíaca
Você já pensou em consumir alimentos com farinha de trigo mesmo tendo doença celíaca, alergia ao trigo ou sensibilidade ao glúten? O grupo de pesquisa do Laboratório de Química Medicinal, localizado no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos, pode tornar isso possível graças à investigação da polpa do noni.
O grupo isolou um conjunto de proteases do fruto – enzimas que quebram ligações entre os aminoácidos nas proteínas – e descobriu que elas são capazes de degradar as proteínas envolvidas na formação do glúten. A investigação pode ajudar no desenvolvimento de uma farinha sem glúten para celíacos, pessoas sensíveis ao glúten ou ainda alérgicos ao trigo.
8. O cérebro de um nanossatélite
Pesquisadores do Laboratório de Engenharia de Sistemas de Computação (LESC), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), estão desenvolvendo um nanossatélite cuja missão será obter dados do semiárido nordestino, contribuindo para informações relativas a previsão climática, umidade do solo e monitoramento de mananciais, além de outras possíveis aplicações.
Parece distante? A equipe já construiu o computador de bordo (espécie de cérebro do satélite), que se comunica com todos os subsistemas e permite a comunicação entre eles. Unindo baixo custo e alta confiabilidade, esse computador de bordo ‒ chamado Open OBC ‒ foi escolhido para ser utilizado na Constelação de Nanossatélites Ambientais (CONASAT), projeto do Centro Regional Nordeste (CRN) do INPE.
9. Os impactos do fenômeno dos youtubers mirins
A Universidade também estuda os fenômenos culturais, como a onda dos youtubers mirins e seu impacto para a infância, tema que tem preocupado muitos pais e mães. O Laboratório de Pesquisa da Relação Infância, Juventude e Mídia (LABGRIM), do Grupo de Pesquisa da Relação Infância, Adolescência e Mídia, vem avaliando a forma como as crianças se apresentam na Internet e como a publicidade tem impactado esses garotos.
A pesquisa investiga os aspectos positivos do fenômeno – como a melhoria das capacidades comunicativas dos youtubers mirins –, mas também os efeitos danosos para eles e como isso tem se tornado uma oportunidade de mercado explorado por grandes marcas.
10. Goma de cajueiro contra refluxo
Uma nova possibilidade de lidar com o refluxo está sendo investigada pelo Laboratório de Estudos da Fisiofarmacologia Gastrintestinal (LEFFAG) da UFC. Trata-se de uma pesquisa, realizada em parceria com a Queen Mary University of London, que identificou uma substância obtida a partir do caule do cajueiro capaz de proteger o esôfago dos incômodos causados pela doença.
Comumente, o refluxo é tratado com inibidores de bomba de prótons, como o omeprazol. Mas uma parcela dos pacientes não responde bem a esses tratamentos, especialmente os que têm doença do refluxo não erosivo. Os pesquisadores lembram que a goma do caule do cajueiro não impede o refluxo de acontecer, mas anula o desconforto provocado por ele.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da UFC – fone: (85) 3366 7331 / e-mail: ufcinforma@ufc.br